
Sinto fome.
Mas até agora não descubri de quê.
É de uma coisa abstrata
Que não consigo ver.
Esta fome
Mata aos poucos meu coração faminto
A árvore dentro de mim apodrece
O menino carente é desinludido
Que vale a terra,
O rio, o céu, a estrada e a mata
Se o que eu preciso não é matéria?
É apenas de um olhar doce como o lume da lua
E uma mão que acalente meu sono.
Será que ninguém entende?
O que eu quero está tão perto
Porém distante
Não se ver, mas existe
Não se toca, mas sente.
É simples, depois complexo
É líquido, depois é sólido
Maluco, por pouco é sóbrio
Infinito e provisório.
Falo do amor...
Não!
Falo da amizade...
Também, não!
Então de que falo?
De uma coisa que vaga no ar
Decompõe-se na terra
Bóia no mar
Substitui o dinheiro
Muda um olhar
Abre qualquer coração e o fáz delirar
O motivo do poema
Lhe explicarei com bondade
O que sinto não é doença
É fome de solidariedade.
Lua Jeniffer, 2001
Um comentário:
Este é o milênio da solidariedade:
ou seremos soli(d)ários,
ou seremos soli(t)ários.
Sosígenes Bittencourt
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