quarta-feira, 9 de março de 2011

POEMA


Precundia


No barulho infernal do dia

Ouço passos na escada

São almas desperançosas

Que de mim estavam afastadas...


Porém, de súbito ressurgem das chamas

E tentam me afundar

Na lama do mangue morto

Para nunca mais eu me achar


A tristeza é um copo d’agua suja

Que não se deve provar

Pois apenas um gole vicia

Um vício que irá te matar


O escuro é uma calmaria

Um lugar seguro para estar

A luz ofusca os olhos

E te afogam no imenso mar


O céu é o paraíso...

Um refúgio para o olhar

As estrelas são lágrimas alegres

E a lua vem te guiar


As amizades são peças de dominó

Quanto menor o número, maior o valor

Se as querem para construir andares,

Desmoronam sem temor


A família é enfadonha

Mas é a única que nos suporta

Quando as almas tristes grudam

E em nossas mentes repousam


Intrigante é estar só

No meio de tanta gente!

É rir quando se quer chorar

É se fingir de doente...


É amar em segredo

É dormir sem vontade

É sumir por uns tempos

É não sentir vaidade...


É comer sem sentir gosto

É não ter forças para se revoltar

É um peso no seu corpo

É uma dor de machucar...


É desejar que tão breve o tempo passe

E que no dia seguinte

As almas impiedosas se afastem

Para nunca mais voltar.



Lua Jeniffer, 2011