sábado, 8 de março de 2008

POEMA


Água




Dar-se a forma tão atrita
De um elemento sutil
Corres montes, pedras, britas
Como um elemento vil


Tens na alma a natureza!
Nos teus vasos corre ardente
O sangue azul das realezas
Porém verde e inerente


És mais velha que o pecado
Mais jovem que o céu e a terra
Turvas tua cor é amarelo astato
Puras és límpida, duma transparencia que aterra


Tua fonte é inexaurível
Tua experiência inexpugnável
Teu corpo inextinguível
Teu antepassado inescrutável
Tua perda inexcedível
Tua necessidade... inexplicável.




Lua Jeniffer, 2003

CRÔNICA



Interrogações à parte

Por que tenho perguntas que ninguém responde?
Por que alguns humanos matam seus semelhantes?
O que é um homem?
O que é a vida?
O que é?

Vivemos caminhando às escuras, prestes a cair num infinito abismo. Apagamos as luzes com a incerteza de que alguém nos observa na penumbra. Olhamos pela janela com desconfiança, receio de que o ser observado, lá na esquina, seja o causador do nosso sofrimento futuro ou de nossa tortura imediata.
E assim caminhamos por este século abominante, medindo nossos passos com cautela para não pisar no pé de ninguém.
Algumas pessoas acham que Deus não existe, mas creio que sim, que ele existe! Não, não quero introduzir crenças religiosas na cabeça do amigo leitor, este não e o meu propósito, mas a meu ver, se não houvesse um ser supremo que nos confortasse nesse mundo, que muitas vezes duvidamos se é real, acho que enlouqueceríamos!
Nunca sentiste medo de sair de casa? Eu já. Isso acontece quando assisto TV, ouço rádio e leio jornais sobre assaltos, assassinatos, estupros, hipocrisia, políticos...
Às vezes saio de casa, mesmo com medo, afinal, tenho meus afazeres. Todavia procuro ficar invisível na multidão, faço-me não ser notada, procuro o silêncio. Muitos temem o silêncio, mas é besteira, o perigo está nos ruídos, pois são muitos e você não consegue distingui-los.
Creio que o leitor pode está meio confuso nesta crônica; é que ela é um ponto de interrogação, não tem belvederes - e nem sei o que significa isso.
Hoje acordei agoniada por um sonho, depois fiquei na dúvida se era mesmo um sonho ou se era realidade... É assim que nós, seres humanos, nos sentimos diante da vida, não entendemos por que tanto sofrimento, por que morrem inocentes, por que crianças sentem dor, e, oramos todos os dias para acordarmos desse pesadelo. E não é que um dia acordaremos! Acordaremos sim, ninguém dorme para sempre, nem a morte é um sono eterno.
Um dia sonhei que enfrentava o meu sonho! Por mais confuso que o seja, podemos nos impor diante dele; torná-lo agradável ou não nos deixar levar por ele. Às vezes dá certo, às vezes não.
Que custa tentar, tornar a vida melhor, a vida não pára. Um dia você morre e aí? Cadê teu fruto? Não falo de filhos, falo de feitos.
A vida é argila que moldamos... Se deixar ela molda agente.
Viva! Viva bem, amigo leitor! Mas não deixe de se questionar, as respostas um dia virão ou nem precisarão vir... Quem sabe a vida se tornará clara, tão clara como a água, e, as respostas brotarão da terra! Não dizem que água é vida? Pois é!


Lua Jeniffer, 2006